Se sua empresa já trabalha com métodos ágeis, mas ainda enfrenta atrasos e dificuldade em prever entregas, provavelmente o problema está em não medir (ou não usar bem) o Lead Time.
Essa métrica simples é, na prática, um dos maiores segredos de organizações que conseguem gerar confiança em clientes e stakeholders. Vamos entender o porquê.
O que é Lead Time?
De forma direta, Lead Time é o tempo total entre o pedido de um cliente (ou início de uma demanda) até a entrega final.
Exemplo: Um cliente pede uma nova funcionalidade no sistema. Se ele fez o pedido no dia 1º e recebeu no dia 20, o lead time foi de 20 dias.
Muitas vezes aparece a comparação com Cycle Time: enquanto o cycle mede apenas do início da execução até a entrega, o lead time mede o que realmente importa para o cliente – o tempo total de espera.
Por que o Lead Time importa tanto?
Dois fatores principais:
Previsibilidade – Se você conhece seu lead time médio (ou percentil 85%), consegue prometer prazos realistas.
Confiança – Cumprir consistentemente o que foi prometido gera credibilidade dentro da empresa e com os clientes.
Como bem coloca uma pesquisa citada pela Cortex:
“Clientes valorizam entregas rápidas e previsíveis. Reduzir o lead time aumenta a confiança na empresa.”
E não é só uma questão externa. Internamente, times que monitoram o lead time conseguem identificar gargalos, reduzir sobrecarga e melhorar o moral da equipe.
Como medir o Lead Time na prática
Um passo a passo simples para começar:
Defina início e fim claros
Início: quando o item entra no backlog comprometido ou quando o cliente formaliza o pedido.
Fim: quando está entregue e disponível ao cliente.
Registre dados
Em cada entrega, registre a data de início e fim. Pode ser em uma planilha, Jira, Trello ou outra ferramenta.
Calcule métricas úteis
Média e mediana de lead time.
Percentil 85% (ex.: “85% das demandas são entregues em até 12 dias”). Esse é o número que você pode usar para prometer prazos com segurança.
Visualize o fluxo
Use gráficos como Scatterplot (dispersão dos tempos de entrega ao longo do tempo) e Cumulative Flow Diagram (CFD), que ajudam a entender gargalos e variação.
Como reduzir o Lead Time
Aqui entram práticas ágeis e de Kanban:
Limite o WIP (Work in Progress): menos coisas em andamento = mais rapidez nas entregas.
Identifique gargalos: onde o trabalho fica parado? Use o cycle time de cada etapa para descobrir.
Divida demandas grandes: histórias menores são entregues mais rápido e com menos variação.
Crie times multifuncionais: reduzir dependências entre áreas diminui esperas desnecessárias.
Defina políticas claras de prioridade: evite reinícios caóticos que reiniciam o relógio do lead time.
Essas práticas estão no coração do Kanban e explicam porque o método é visto como “a forma mais confiável de gerenciar fluxo de trabalho”.
Lead Time e confiança com o cliente
Uma das maiores forças do lead time é transformar conversas com clientes e diretoria.
Imagine poder dizer:
“85% das nossas entregas são concluídas em até 15 dias. Para essa demanda, nosso compromisso é 20 dias – com folga.”
É muito melhor do que arriscar prazos otimistas e falhar. Essa prática fortalece a relação com stakeholders e reduz o estresse da equipe.
Caso prático
Um time acompanhava seu lead time: média de 30 dias, mas variando entre 10 e 60 dias. O cliente nunca sabia quando receberia algo.
Depois de aplicar Kanban e limitar o WIP, em 3 meses conseguiram estabilizar a variação: 85% das entregas em 15 a 20 dias.
Resultado:
Mais previsibilidade.
Menos reclamações de atraso.
Cliente declarando explicitamente que agora confia no cronograma.
Conclusão
O Lead Time é a métrica da verdade no fluxo de trabalho. Se você não mede, não consegue gerenciar de fato.
Comece simples: registre suas entregas, calcule médias e percentis, use isso para prometer prazos realistas e mostre essa transparência ao cliente.
Previsibilidade não é sorte, é gestão. Meça seu lead time e observe a confiança crescer.
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